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História da Radiodifusão
Radiodifusão é emissão e
transmissão de notícias ou de programas recreativos, culturais,
esportivos, musicais, etc., por meio da radiofonia, radiocomunicação
e rádio, e é a radiotransmissão para recepção
e uso geral do público, distinguindo-se da radiocomunicação,
que se destina a estações receptoras determinadas. A sua
forma mais comum consiste na difusão, pelo rádio, de programas
educacionais, música, diversões, notícias, esportes,
etc. |
Início da radiodifusão
- O aproveitamento das ondas eletromagnéticas para a transmissão
de informações sonoras aconteceu no início do século
XX, graças à invenção da válvula radioelétrica
(triodo), criada em 1906, por Lee De Forest (1873 - 1861). A válvula
triodo permite a retificação e ampliação dos
sinais elétricos, viabilizando a audição de sons complexos
transmitidos por ondas hertzianas. No Natal de 1906, a radiodifusão
é inaugurada no mundo: De Forest e Reginald Aubrey Fessenden (1866
- 1932) irradiam, nos Estados Unidos, números de canto e solos de
violino.
Outras transmissões pioneiras são realizadas nos anos seguintes.
As primeiras emissoras - As emissoras de rádio desenvolvem-se de
fato após a primeira Guerra Mundial (1914 - 1918). Durante o conflito,
a transmissão das ondas eletromagnéticas ficou sob controle
dos governos dos países beligerantes. Esse atraso na implantação
da radiodifusão para o grande público, no entanto, é
compensado pelos avanços feito no período, que facilitam o
crescimento das estações de rádio no pós-guerra.
Em apenas uma década, a radiodifusão espalha-se por todo o
mundo. É criada, em 1919, a primeira grande empresa norte-americana
de telecomunicações, a Rádio Corporation of America
(RCA), seguida da National Broadcasting Company (NBC), fundada em 1926,
e da Columbia Broadcasting System (CBS), de 1927. Na Europa são implantadas
várias empresas de grande porte, entre as quais a italiana Radiotelevisione
Italiana (RAI), em 1924: a inglesa British Broadcasting Corporation (BBC),
em 1927: e a francesa Radio France Internacionale (RFI), em 1931. O número
de receptores também aumenta drasticamente: nos EUA, por exemplo
os aparelhos de rádio sobem de 50 mil, em 1922, para mais de 4 milhões,
em 1925.
Rádio no Brasil - A primeira emissão radiofônica brasileira
acontece em 7 de setembro de 1922, durante as comemorações
do centenário da Independência. A Westinghouse Eletric Internacional
Co. instala no alto do Corcovado, no Rio de Janeiro, uma estação
de 500 watts, inaugurada com o discurso do então presidente Epitácio
Pessoa. Sua palavra foi ouvida também em Petrópolis e Niterói.
Seguem-se emissões de música lírica, conferências
e concertos, captados nos 80 aparelhos de rádio dispersos pela cidade.
No final das festividades, a rádio sai do ar, reaparecendo no ano
seguinte com a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada pelo antropólogo
Roquete Pinto e por Henry Morize, diretor do Observatório Astronômico.
A emissora, com programas educativos e culturais, influencia várias
outras amadoras que aparecem no país, ainda na década de 20.
Todas nascem como clubes ou sociedades e, como a legislação
proibia a publicidade, são sustentadas pelos associados.
O rádio comercial desponta a partir da legalização
da publicidade, em 1932. Desde então, as emissoras começaram
a se organizar como empresas capitalistas. Com o crescimento da indústria
e do comércio, o número de propagandas veiculadas aumentam
e o rádio transforma-se num negócio cada vez mais lucrativo.
Surgem os anúncios cantados, os jingles, que revolucionaram a propaganda
radiofônica. Na década de 30 são criadas várias,
entre elas, a Rádio Record, de São Paulo (1931), a rádio
Nacional, do Rio de Janeiro "a primeira grande emissora do país"
e a Rádio Tupi (1937), de São Paulo.
Nessa época, o rádio vai aos poucos abandonando seu perfil
educativo e elitista para firmar-se como um meio popular de comunicação.
A linguagem é modificada, tornando-se mais direta e de fácil
entendimento. As programações diversificam-se e são
melhor organizadas, atraindo o grande público. Nos anos 30 e 40 aparecem
os grandes programas de música popular e, junto com eles, os ídolos
como Carmem Miranda, Linda Batista e Orlando Silva. Surgem também
os programas de humor, de auditório que contam com a participação
do público e são instituídos em 1935 pelas rádios
Kosmos e América e surge também as novelas. A primeira delas
é Em Busca da Felicidade (1941), da Rádio Nacional. A mesma
rádio lança, em plena Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945),
o Repórter Esso (1941), que inaugura o radiojornalismo brasileiro.
As técnicas introduzidas por ele, frases curtas e objetivas, agilidade,
instantaneidade e seleção cuidadosa das notícias são
empregadas até hoje na maioria dos jornais falados.
O rádio entrava, então na sua segunda fase. Já não
eram os locutores a principal atração, e sim os cantores,
que agora exclusivos de uma estação, tinham um programa semanal.
A nacional encheu com Francisco Alves, Orlando Silva, as Irmãs Baptistas,
As Três Marias, Linda Batista, Nuno Rolando, Manezinho Araújo,
Nelson Gonçalves e tantos outros nomes de valor. Na Mayrink, Carlos
Galhardo e Sílvio Caldas e na Tupi, Dircinha Batista, sem falar de
outros nomes consagrados, ou que iam surgindo, como Cauby Peixoto, Emilinha
Borba, etc.
Em parelha seguiam uns poucos programas de auditório: Silvino Neto,
irreverente e engraçado em seu programa Ora Bolas, Barbosa Jr., Jararaca
e Ratinho e Almirante, com seus programas mais sérios, bem trabalhados,
como Caixa de Perguntas, Quando os Maestros se Encontram, A História
das Danças e muitas idéias que até hoje continuam fazendo
sucesso na televisão, como a Escolinha do Manduca, de Renato Murce,
que até hoje é base de tantos quadros na TV. Entre as muitas
criações de Almirante temos o concurso de gaitas, e devemos
lembrar que ele quem aproveitou a melodia norte-americana de parabéns
pra você, não só escolhendo a letra através de
um concurso, como difundindo um costume até hoje seguido em todas
as festas de aniversário. Pouco mais tarde, Paulo Roberto também
foi para a Nacional, fazendo sucesso com
Nada Além de Dois Minutos e Liras de Xopotó.
Com a popularização da televisão, no final da década
de 50, o período de apogeu do rádio chega ao fim e as emissoras
são obrigadas a redefinir seus objetivos. Nessa restruturação,
passam a dar maior espaço ao radiojornalismo e ampliam os serviços
à comunidade. A primeira rádio a divulgar notícias
durante toda a programação è a Bandeirantes, de São
Paulo, inaugurada em 1954. A partir de 1968, surgem as emissoras de Freqüência
Modulada (FM). A maioria delas apresenta programas musicais como a Rádio
Cidade (1977), líder de audiência na década de 80. A
primeira rádio FM só de notícias é a CBN, criada
em 1996.
O Rádio em Minas Gerais - A primeira emissora a se instalar-se em
Minas foi a Rádio Sociedade Juiz de Fora. Como se pode observar,
a seguir, pela ordem alfabética dos prefixos, além de primeira
de Minas, a mesma veio antes de várias importantes emissoras brasileiras.
PRB - 3 - Rádio Sociedade Juiz de Fora
PRB - 9 - Rádio Recorde - São Paulo
PRC - 7 - Rádio Mineira - Belo Horizonte
PRE - 5 - Rádio Sociedade do Triângulo Mineiro - Uberaba
PRE - 8 - Rádio Nacional - Rio de Janeiro
PRG - 3 - Rádio Tupi - Rio de Janeiro
Em 1936, com diferença de menos de um mês, inauguram-se, em
Belo Horizonte, a PRH - 6 - Rádio Guarani e a PRI - 3 - Rádio
Inconfidência, esta com um "show" que teve Orlando Silva
como principal atração, uma espécie de Roberto Carlos,
nos anos 70.
A capital de Minas Gerais permaneceu somente com três emissoras, por
dezesseis anos, até que em 1952, surgiu a Rádio Itatiaia,
sem a menor estrutura para enfrentar suas concorrentes. Entretanto com a
fé inabalável e o idealismo de Januário Carneiro, ela
é hoje a mais importante emissora AM de Minas Gerais e está
entre as oito principais do Brasil. Vieram depois a Rádio Jornal
de Minas, hoje Rádio América, a Rádio Minas, cassada
pelo Ministério das Comunicações em 1974, a Rádio
Pampulha, atual Rádio Capital, Rádio Tiradentes, hoje CBN
e a Rádio Atalaia, terminando ai a fase de instalações
das rádios em AM, em Belo Horizonte.
Durante a Segunda Guerra Mundial houve uma estagnação no que
tange ao surgimento de novas emissoras no estado, como de resto, acontecia
em todo o país.
Com a eleição do General Eurico Gaspar Dutra para a presidência
da República, em 1946, restabelecendo a democracia, houve um grande
avanço da radiodifusão interiorana, em Minas Gerais. Não
dá para se enumerar aqui as rádios que completaram o seu cinqüentenário
em 1999, sobressaindo entre elas a Rádio Montanhesa de Viçosa,
inaugurada em 16 de julho de 1949.
O Rádio FM - A primeira emissora FM fundada em Minas Gerais foi a
Rádio Del Rei, que data de 1970. Segundo o seu fundador, Marco Aurélio
Jarjour Carneiro, foi também a primeira do Brasil. Ficou muito tempo
funcionando como geradora de música funcional para sobreviver em
uma época em que os receptores de FM praticamente não existiam.
O crescimento do rádio FM, a partir dos anos 80, foi vertiginoso,
o que faz parte da história recente da radiodifusão brasileira
de pleno conhecimento de todos. |
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