Foto: Ueslei Marcelino/Reuters O doleiro Alberto Youssef vai trocar a sela da Polícia Federal, em Curitiba, por prisão domiciliar em São Paulo. Um dos principais personagens da Operação Lava Jato, o doleiro que operava o pagamento de propinas no bilionário esquema de corrupção na Petrobras, deixará a cela de 12 m², na qual passou os últimos dois anos e oito meses, para cumprir prisão domiciliar.
Monitorado por uma tornozeleira eletrônica, Youssef vai se mudar para um apartamento de pouco mais de 50 m². O prédio, no entanto, fica em um dos endereços mais caros da cidade, a Vila Nova Conceição. Com vista para o parque Ibirapuera --um oásis verde na capital paulista--, o doleiro só poderá descer até a academia do condomínio e se descolar para atendimentos médicos.
"O Beto vai começar vida nova, como empresário", afirmou seu advogado, o criminalista Antonio Figueiredo Basto. "É preciso manter a esperança que qualquer um pode se remediar", afirmou uma autoridade envolvida nos processos contra o réu beneficiado por uma delação premiada --ele foi pioneiro na colaboração, ao lado do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Aos 49 anos, com problemas do coração --chegou a ser internado duas vezes durante o período de prisão--, Youssef vai morar sozinho. Casado, em processo de separação, e pai de duas filhas, o doleiro teve sua vida amorosa exposta com a prisão na Lava Jato.
O caso extraconjugal com Taiana Camargo, de 30 anos, com quem dividia a rotina de viagens em jatinhos particulares, jantares em restaurantes caros e dinheiro farto, foi o primeiro a se tornar público com os grampos feitos em seus aparelhos celulares --ele tinha mais de 35. O episódio rendeu para ex-parceira um contrato de capa na revista "Playboy" como a "amante do doleiro da Lava Jato".
O affair de Youssef que teve maior repercussão, no entanto, foi com a doleira Nelma Kodama, que se autointitulava a "dama do mercado negro". Presa também em março de 2014, tentando fugir do Brasil com euros na calcinha, alvo da Operação Dolce Vita (nome de um clássico de Federico Fellini).
Diante de deputados da CPI da Petrobras, em audiência pública realizada em maio de 2015 e transmitida em cadeia nacional de TV, Nelma surpreendeu ao responder a um deputado sobre sua relação extraconjugal com o doleiro: "Depende do que o senhor (deputado) entende como amante. Eu vivi maritalmente com Alberto Youssef do ano de 2000 a 2009. Amante é uma palavra que engloba tudo, né? Amante é ser amigo, é ser esposa, pode ser tudo". De braços ao ar, cantarolou trecho da canção "Amada Amante", de Roberto Carlos, para falar sobre "Beto".
Dono da mais complexa e sofisticada lavanderia de dinheiro a serviço de empreiteiras, partidos, agentes públicos e políticos envolvidos no esquema, Youssef cumprirá mais quatro meses de prisão domiciliar, antes de se tornar um homem livre --o que acontecerá no dia 17 de março de 2017.
Fonte: Conteúdo Estadão
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